As palavras acompanharam-me desde cedo: a necessidade de as tornar visíveis esteve sempre presente. Interpreto-a agora como uma forma de ultrapassar a timidez, de dizer não dizendo, tomando emprestadas as palavras de outros. A necessidade deu rapidamente lugar à vontade, o desenho passou a ter uma intenção. A ilustração foi assumindo gradualmente na minha vida uma forma própria de afirmação de identidade. Ilustrar é estabelecer pontes – entre o autor do texto, o autor da ilustração e aquele que as interpreta; procurar consensos capazes de estabelecer a comunicação. Toda a ilustração implica um acto de generosidade: partilhar com o outro aquelas imagens que até ao momento em que são desenhadas são apenas nossas.